Nos seis primeiros meses do ano foram realizados 932 transplantes. Governo do Estado disponibiliza aeronaves para captação dos órgãos em todo o estado.
Eram 22 horas e trinta minutos de uma sexta-feira, dia 6 de maio, quando a atendente de padaria Clécia Tatiane Ribeiro, 33 anos, recebeu a notícia que renovaria suas esperanças e acabaria com a angústia da espera. Desde janeiro lutando contra uma hepatite autoimune, ela ganharia, na manhã seguinte, um fígado novo.
Doado graças à autorização de familiares de um paciente que veio a óbito, o órgão veio de Uberlândia e chegou por transporte aéreo ao hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, onde Clécia já esperava ansiosa.
Segundo dados do MG Transplantes, de janeiro a junho deste ano foram realizados 932 transplantes em Minas Gerais, utilizando 25 aeronaves. Como o tempo é fator crucial para aqueles que dependem de um órgão para ganhar vida nova, o Estado possui uma logística pioneira para o transporte aéreo de órgãos e tecidos, com aeronaves disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana.
“Dependemos diretamente do tempo para o sucesso das operações, já que os órgãos não podem ficar muito tempo sem circulação sanguínea”, explica o diretor do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado. “Assim, precisamos desta logística aérea para realizar o transporte rápido e adequado de doações. Em Minas Gerais o próprio Estado nos fornece as aeronaves, que buscam os órgãos a qualquer dia e hora”, acrescenta.
Os transplantes de córnea lideraram a lista dos procedimentos feitos de janeiro a junho, beneficiando 540 pessoas. Foram realizados ainda 253 transplantes de rim. Os transplantes de medula óssea (48) e fígado (44) estão na sequência. Até a primeira semana de julho, 3.096 pessoas estavam na lista de espera por algum órgão em Minas Gerais.
Entretanto, o número de transplantes realizados diminuiu cerca de 20% em relação ao mesmo período de 2015, dado que preocupa. “Há um aumento da recusa familiar, que é feita muitas vezes por tabus religiosos, medo de mutilação do corpo e desconhecimento de que o diagnóstico de morte encefálica, necessário para a doação, é seguro e irreversível”, afirma Cançado.
Clécia, que agora se recupera em casa graças ao transplante bem sucedido, conta que após receber o fígado é que se deu conta da importância da doação. “Se eu não tivesse conseguido esse transplante, não estaria aqui hoje. Havia sido desenganada já pelos médicos, pois o meu fígado não funcionava mais. Serei eternamente grata à família do doador, que nem conheço. Nasci de novo no dia 7 de maio”, comemora.
Além das aeronaves operadas pelo Gabinete Militar do Governador, também cooperam no transporte aéreo de órgãos e tecidos as aeronaves do Batalhão de Rádio Patrulhamento Aéreo (Btl RPAer), da Polícia Militar, do Batalhão de Operações Aéreas (BOA) e do Corpo de Bombeiros Militar.
O sistema de transplante no Brasil é praticamente todo feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), responsável por 95% dos procedimentos. Somente em 2015 foram realizados 23,6 mil transplantes pelo SUS em todo o país.
Dia do Doador de Medula Óssea
Na última quinta-feira (14/7), foi publicada, no Diário Oficial de Minas Gerais, a Lei 22.198/2016, criada pelo governador Fernando Pimentel, que institui o Dia Estadual do Doador de Medida Óssea, que será no dia 14 de dezembro.
Hoje, devido ao baixo número de doações de medula óssea no país, a probabilidade de se encontrar um doador compatível é de um em cada 100 mil. Assim, a data foi criada com o objetivo de conscientizar a população para a importância de se cadastrar como doador, além de homenagear as pessoas que já doam e ajudam a salvar vidas.
Como se tornar um doador de órgãos
Para ser um doador basta que a pessoa comunique sua vontade aos familiares, para que eles possam atender ao seu desejo e procedam a doação dos órgãos. Não é mais necessário deixar por escrito ou registrado em documento de identificação.
“Doar é um ato de solidariedade, não tem custo nenhum para a família e ainda salva vidas. Um doador de múltiplos órgãos pode beneficiar até 10 pessoas na fila de espera”, reforça o diretor do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado.
Responsável pela coordenação da política de transplante de órgãos e tecidos no estado, o MG Transplantes é vinculado à Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) e tem seis centrais em Minas Gerais: Uberlândia, Juiz de Fora, Montes Claros, Governador Valadares, Pouso Alegre e Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Mais informações
Linha de orientação à população: 08000-283-7183
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