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Todos os dias a estudante Bruna Vieira, 15 anos, estuda um pouco de matemática. Faz exercícios recomendados pela escola e outros que busca por conta própria. “Para mim, a matemática é a base da ciência. Está em todo lugar. Está na física, na química, na biologia, na medicina e em muitas outras áreas”, diz.

Bruna é uma das 200 meninas que participam hoje (17) do primeiro Torneio Meninas na Matemática (TM²). A estudante, do 9º ano do ensino fundamental, conta que é uma das únicas da sala, entre meninos e meninas que é apaixonada por matemática. Quando soube do torneio voltado para meninas, ela prontamente quis participar.

“Eu acho muito importante um torneio só para garotas, porque desse jeito elas têm mais oportunidade. Há muita garota que se sente desmotivada porque a gente vive num mundo dos homens. Acho que garotas podem e são tão boas quanto os meninos”, afirma.

A competição, voltada para as alunas dos ensinos fundamental, a partir do 8º ano, e médio das escolas públicas e privadas de todo o país, foi inspirada no European Girls’ Mathematical Olympiad [Olimpíada Europeia de Matemática para Meninas], da qual o Brasil participa desde 2017.

A idealizadora do torneio é também uma mulher que se dedica ao estudo dos números – a estudante de engenharia de computação do Instituto Militar de Engenharia (IME) e uma das coordenadoras da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), Ana Karoline Borges.

Ana Karolina participa de olimpíadas desde que cursava a 6ª série do ensino fundamental. Ela lembra que, na época, era a única menina em uma sala de aula com 40 estudantes, que eram preparados esse tipo de competição na escola onde estudavam. Ao longo dos anos, ela percebeu que faltavam exemplos de mulheres nas exatas e uma rede que pudesse apoiar as meninas na matemática.

“Conversei com outras professoras e apresentamos a ideia de fazer uma olimpíada só para meninas, que pudesse servir como um meio de criar uma rede de meninas que fazem matemática e que, a partir disso, elas pudessem se conhecer, ser inseridas nesse meio, que pudesssem ver que não estão sozinhas”,  diz.

A coordenadora carrega no currículo várias premiações. Foram seis medalhas só na OBM. Ela competiu também internacionalmente, recebendo medalha de prata na Olimpíada Ibero-Americana de Matemática. “Meu principal objetivo com o torneio é que as alunas de todo o Brasil possam ter as mesmas oportunidades que tive e que portas possam se abrir para todas”.

Aplicação das provas

O TM² é realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), com o apoio da Sociedade Brasileira de Matemática.

A prova contará com cinco questões discursivas para ambos os níveis da competição: nível 2, voltado para alunas do 8º e 9º anos, e nível 3, para estudantes do ensino médio. As alunas terão quatro horas e 30 minutos para resolvê-las. A organização recomenda que as estudantes cheguem ao local da prova com pelo menos 30 minutos de antecedência. É obrigatório apresentar um documento de identificação original, legível, com foto e CPF. Alunas que não têm CPF poderão indicar o número do documento do responsável legal.

A TM² servirá como primeiro teste de seleção das quatro alunas que representarão o Brasil na European Girls’ Mathematical Olympiad, cuja próxima edição será em Egmond, na Holanda.

Ao todo, serão distribuídas quatro medalhas de ouro, oito de prata e 12 de bronze. Além disso, serão entregues até 20 menções honrosas para as alunas com os melhores desempenhos.

A lista de premiadas será divulgada no site do torneio, em 11 de dezembro. As medalhistas serão convidadas a participar de cursos, treinamentos olímpicos e processos seletivos oferecidos na Semana Olímpica da OBM.

Agencia Brasil

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