Corporação alerta que algumas atitudes, muitas vezes tomadas inocentemente pelos cidadãos ou sem perceber, dificultam ou mesmo atrapalham o trabalho da PMMG
Piscar farol após passar por uma blitz policial, comunicar nas redes sociais que viajará em férias, não fazer o Registro de Eventos da Defesa Social (REDS) – o antigo Boletim de Ocorrência, parar para assistir uma batida policial ou um acidente de trânsito. Estes são comportamentos de certa forma comuns, mas que podem ser extremamente prejudiciais ao trabalho da Polícia Militar.
“Muitas vezes, por inocência ou até sem saber, o cidadão tem algumas atitudes que atrapalham o nosso trabalho, que é o de garantir a segurança pública”, frisa o major Flávio Santiago, da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
As duas mensagens abaixo, enviadas por meio de um aplicativo, são exemplo de conduta prejudicial:
“Blitz em frente à Copasa, indo para a exposição. Galera do golo, fica veiaco! É blitz das brabas. Parando até as ambulâncias do Samu (sic)”.
“Aí, ô, galera, os polícia tá dando blitz aqui na entrada do Santa Luzia, bem na curvinha do planalto aqui, ó. Entrou o trevo, na segunda curvinha que vai entrar no Santa Luzia (sic)”.
Os responsáveis foram identificados e detidos pela PMMG nos dois casos.
Avisar – via canais on-line como WhatsApp, redes sociais e aplicativos – sobre a ocorrência de blitze policiais é um claro exemplo de desserviço para o trabalho da PM. “A polícia está na rua para defender a população. Quando o próprio cidadão denuncia uma fiscalização, pensando que está sendo solidário, ele prejudica a si mesmo. Um bandido em fuga pode escapar de uma blitz assim, por exemplo, e cometer um crime lá na frente, prejudicando mais pessoas”, frisa o major.
Neste sentido, outro ato comum de camaradagem é piscar o farol alto nas estradas para alertar sobre blitz, atitude que pode ter o mesmo efeito prejudicial deste descrito acima. “A pessoa pode estar avisando um condutor de um carro roubado, por exemplo”, cita Santiago.
O Código de Trânsito Brasileiro só permite sinal de luz em caso de ultrapassagens ou para avisos de risco à segurança para os veículos no sentido contrário, como acidentes na estrada, pista obstruída e outros. Assim, motoristas que são flagrados avisando outros condutores sobre blitz policial estão cometendo infração de trânsito e poderão ser autuados.
O famoso #partiuférias, comum nas redes sociais, é outro problema para a Polícia Militar. É que muita gente tem o hábito de comunicar, por meio destas ferramentas, que vai viajar ou que está em viagem, com postagem de fotos e outros relatos.
“É um risco comunicar nas redes que a pessoa vai se ausentar da residência. Essa informação pode chegar até um infrator e favorecer o crime”, alerta o policial.
Trote não é brincadeira
O 190 da Polícia Militar atende uma média diária de 15 mil ligações em Minas Gerais. Porém, também diariamente, são quase 3 mil trotes recebidos, ligações que tomam o tempo dos atendentes e impedem que um fato real e urgente receba atendimento.
As ligações enganosas também geram custos para os cofres públicos, quando uma equipe é deslocada sem necessidade para o atendimento de uma falsa ocorrência. O trote é crime previsto no Código Penal e prevê pagamento de multa ou de um a seis meses de detenção.
Curiosidade pode prejudicar
Quando há algum acidente de trânsito ou batida policial, os curiosos podem ser um risco a mais no local. “Por curiosidade, muita gente para, com o objetivo de ver o que está acontecendo, tirar fotos, fazer vídeos, divulgar em redes sociais e tudo mais. Essa atitude também prejudica o nosso trabalho, além de colocar em risco o próprio cidadão no local da ocorrência”, adverte o major Flávio Santiago, da PMMG.
Denunciar é importante
Todo cidadão tem o direito de denunciar qualquer irregularidade da qual toma conhecimento. Embora não seja uma obrigação, o ato pode ajudar o trabalho das forças de segurança pública. “A Polícia Militar é responsável pelo policiamento preventivo. Porém, apesar de todo o trabalho realizado, em muitas ocorrências, a ajuda da população é que torna possível a solução de alguns crimes, além de auxiliar de forma eficaz no combate à violência”, reitera o major Santiago.
A central de denúncias do 181 Disque Denúncia funciona diariamente, em regime de 24 horas e a ligação é gratuita e totalmente sigilosa.
Registro de ocorrência: coisa séria
Por não acreditar na importância ou simplesmente para evitar o “trabalho”, muita gente deixa de fazer o Registro de Eventos da Defesa Social (REDS) – o antigo Boletim de Ocorrência (B.O) -quando é vítima de furto, roubo ou até acidente de trânsito.
Entretanto, a atitude dificulta a tomada de ações preventivas por parte da Polícia Militar, causando uma subnotificação de crimes, o que, por sua vez, pode fazer com que a corporação eventualmente não atue onde é necessário. “Os dados coletados nesses boletins norteiam o nosso trabalho para organizar, por exemplo, o patrulhamento ostensivo no Estado”, argumenta o major.
Hoje, em muitos casos o REDS pode ser feito on-line, de forma rápida e prática. As ocorrências que podem ser registradas pela internet são: perda ou extravio de documentos e objetos pessoais, além de acidentes de trânsito sem vítimas, desaparecimento e localização de pessoas e também para ocorrências de danos simples, isto é, danos materiais que não sejam provocados com violência. Clique aqui para saber como fazer o registro.
Fonte: Agência Minas