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Apoiar a população residente na zona rural, em especial as mulheres, é uma das prioridades do Governo de Minas Gerais. Prova disso é que está em andamento o diagnóstico sobre a situação das trabalhadoras rurais do estado. Desenvolvido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agrário (Seda) e a Fundação João Pinheiro (FJP), o estudo vai embasar futuras políticas públicas que atendam às reais necessidades das mulheres do campo.

“A nossa secretaria tem um olhar voltado para a infraestrutura e comercialização da agricultura familiar, à produção agroecológica, agroindústria familiar e ao cooperativismo. Dentro deste contexto, nós entendemos que é de fundamental importância a valorização da mulher e fortalecimento da mulher do campo. É ela quem produz e, muitas vezes, está à frente da liderança do negócio”, enfatiza o secretário da Seda, Professor Neivaldo.

A pesquisa está em andamento em duas frentes. Uma delas vai construir um retrato inicial da situação socioeconômica das trabalhadoras rurais em Minas Gerais a partir da análise de dados quantitativos secundários. A intenção é identificar, afinal, quem são as mulheres do campo, suas trajetórias de vida, de lutas e de trabalho com a terra. “Em todas as nossas ações e pautas temos um olhar especial para a valorização do trabalho da mulher do campo”, acrescenta Professor Neivaldo.

Em seguida, o objetivo é o levantamento, a sistematização e a análise de dados primários, quantitativos e qualitativos, que preencham as lacunas identificadas e permitam a construção de um segundo retrato da situação socioeconômica das trabalhadoras do campo de Minas Gerais, mais elaborado e completo do que o primeiro.

“A pesquisa segue em execução. O trabalho de campo foi realizado entre novembro e dezembro do ano passado. As transcrições das entrevistas realizadas em campo foram feitas e revisadas”, destaca a pesquisadora do Centro de Estudos de Politicas Públicas da FJP e coordenadora da pesquisa, Marina Alves Amorim.

Biografia coletiva

Outra frente da pesquisa é a construção de uma biografia coletiva de 12 mulheres do campo. Cada uma delas foi indicada por cada movimento, organização ou rede que ajuda a compor a Articulação de Mulheres do Campo de Minas Gerais, exceto a Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A trajetória de vida destas mulheres vai ser publicada em formato de um livro com um encarte contendo um vídeo e um conjunto de materiais didático-pedagógicos para a educação, com o intuito de dar visibilidade às mulheres pelo viés do trabalho.

“Estamos trabalhando na análise do material e escrita. O material audiovisual foi devidamente registrado pela Rede Minas, em seis das localidades. Os programas devem ir ao ar a partir de março e vão vir encartados no livro futuramente”, explica Marina Alves Amorim.

De acordo com a pesquisadora, o estudo vai permitir que o Estado crie políticas públicas mais efetivas para as mulheres do campo. “A pesquisa vai fazer uma análise fina. Vai mostrar quais políticas públicas funcionam ou não, o que chega até essas mulheres. Com base nisso o Estado poderá criar novas ações que sejam mais efetivas”, acredita.

Empreendedoras do campo

Atualmente, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) tem 214 agroindústrias familiares cadastradas. “Quase todas as agroindústrias têm uma mulher envolvida. Se não é ela quem coloca a mão na massa, está envolvida como gestora”, explica o fiscal agropecuário do IMA, Andre Almeida Santos Duch.

Uma das produtoras rurais que conta com o apoio do Governo de Minas Gerais, por meio do IMA, é Denize Azevedo Viana. Em sua pequena propriedade na cidade de Vespasiano, ela e seu marido, Paulo Roberto Resende Viana, produzem queijo Minas Frescal. “Eles inspecionam, veem o que precisa de fazer. O IMA está sempre presente. Tem um funcionário da agricultura familiar designado justamente para isso mesmo”, conta Denize.

Enquanto Paulo ordenha as vacas e recolhe todo o leito, Denize é a responsável pela produção do queijo. “Muitas vezes quem tem os dados de produção e o controle dos produtos vendidos é a mulher. A maioria dos empreendimentos, quase todos têm a figura da mulher direta ou indiretamente, seja na produção ou na gestão”, salienta Andre Duch.

Atualmente, a produção é de cerca de 100 queijos por dia – cada um pesa em média 500g. Depois de embalado, o queijo é enviado para as cidades de Lagoa Santa e Belo Horizonte, onde é vendido por R$ 30, em média. Parte da produção também é enviada para o Aeroporto Internacional de Confins, onde cada unidade é comercializada por R$ 59.

O IMA trabalha sob demanda de agricultores familiares que lidam com produtos de origem animal e que têm interesse de regularizar a situação sanitária. O registro do IMA permite a comercialização do produto no estado de Minas Gerais. Para conseguir o registro o agricultor familiar precisa cumprir algumas exigências sanitárias que são constantemente vistoriadas pelo instituto.

Agência MINAS

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